terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Sobre o espaço cinestésico

Existe espaço sem nenhum objeto? Compreendeis esta pergunta? Vós tendes de descobrir isto. É um desafio. Não se trata de reagir ou não reagir, porém sim de descobrir. Porque nossa mente é tão trivial e limitada, funciona sempre nos limites de suas atividades egocêntricas. Todas essas atividades estão dentro desse centro e ao redor dele, no espaço que o centro cria dentro e ao redor de si mesmo, como o faz este microfone.
Assim, quando há o espaço criado por um objeto, um pensamento ou uma imagem, este espaço jamais pode dar-nos liberdade, porque nele existe sempre o tempo.
O tempo, pois, só cessa, quando há o espaço sem objeto, sem centro, sem o observador e portanto, sem o objeto. Só então a mente pode conhecer a beleza. A beleza não é um estimulante; ela não é produzida ou formada pela arquitetura, pela pintura, pelo olhar um pôr- do-sol ou um belo rosto. A beleza é coisa inteiramente diversa; só pode ser compreendida quando já não existe o experimentador e, por conseguinte, deixou de existir a experiência. Ela é como o amor; no momento em que dizeis, verbalmente, ou sentis, que amais, deixais de amar. Porque o amor é então um mero fenômeno mental, um mero sentimento, uma emoção, na qual está presente o ciúme, o ódio, a inveja, a avidez.
Tendes, pois, de compreender a natureza do tempo, não teórica ou intelectualmente, porém de fato interiormente. Porque, quando se compreende a natureza e estrutura do tempo, a ação é imediata; por conseguinte, o sofrimento cessa – agora e não amanhã. E, para compreender o tempo, tem-se de compreender também o espaço e a Beleza. Há muita pouca beleza neste mundo (o que há é muita decoração), e sem a beleza não há amor.


Paginas 62-63 do livro Viagem por um mar desconhecido – Jiddu Krishnamurti, 1966

"A capacidade de sentir a contração e o relaxamento, de saber o que o músculo está fazendo, é chamada de percepção cinestésica. A percepção cinestésica é desenvolvida colocando o corpo conscientemente em uma certa posição e sentindo-a. Essa sensação de equilíbrio ou desequilíbrio, graça ou deselegância, serve como um guia constante para o corpo conforme ele se move.
A percepção cinestésica deve ser desenvolvida a tal ponto que o corpo fique desconfortável se não fizer cada movimento com um mínimo de esforço para produzir o maior resultado (aplique isso também à postura)." - Bruce Lee

LEE, Bruce. O Tao do Jeet Kune Do, 3a. edição. Conrad Livros.

cinestesia
ci.nes.te.si.a
sf (cine1+estésio+ia1) Fisiol. Sentido que permite ao ser a percepção dos movimentos musculares, peso e posição dos membros etc. Var: cinesiestesia.

sinestesia
si.nes.te.si.a
sf (sin+estesia) Med 1. Sensação secundária que acompanha uma percepção. 2. Sensação em um lugar, devida a um estímulo em outro. 3. Condição em que a impressão de um sentido é percebida como sensação de outro. Cf comcinestesia.

Fonte: http://michaelis.uol.com.br/


O arquiteto tem de pensar sobre o não espaço também. Ignorá-lo pode gerar inconvenientes no uso do dia-dia. É por essas e por outras que as vezes a geladeira não passa pela porta da cozinha. Logo é um conceito o espaço cinestésico e daí surge o nome do meu trabalho. É o lugar que será ocupado pelo movimento.
Quando a ênfase torna-se o movimento, é possível perceber que há ritmo. O ritmo do movimento humano gera o ritmo de seu espaço, o ritmo da arquitetura. Aqui faço uma analogia ao Hip-Hop. Arquitetura também pode ser ritmo e poesia, o RAP (rhythm & poetry), a expressão sonora do Hip-Hop.
Um MC (mestre de cerimonia), quando declama sua rimas tem de fazer sobre influencia da batida. A batida por assim dizer é seu espaço. Vai ditar o seu ritmo, mais conhecido no meio do Hip-Hop como flow. É uma verdadeira troca, o que podemos chamar também de interação. Som e mensagem. É o mesmo que a arquitetura faz, expressa a relação do espaço com o ser humano. Conceitos que direcionam a ação dos seres humanos através da Arte. Mas para fazer arte é necessário dominar a técnica, Em arquitetura uma construção se torna poesia, através da criatividade do uso da técnica.