Ontem, de maneira saudosista, eu estava pensando sobre coisas que eu fazia e que hoje não faço mais e uma delas era ir ao cinema. Coincidentemente ao abrir o Twitter (X) li uma postagem de um perfil falando que deixou de ir ao cinema. A postagem dizia:
Eu não sei porque deixei de ir ao cinema já que era um programa que eu adorava fazer. Achei curiosa a postagem acima, pois pensava que era algo que só estava acontecendo comigo e vi pelos comentários que muita gente deixou de fazer isso. É estranho porque considero o cinema a melhor maneira de assistir a um filme, é a melhor maneira de imersão. É um ambiente próprio e projetado para isso. Uma sala sem luz, com a tela grande e poltrona confortável, com o som e a acústica ideal.
Na postagem há um questionamento sobre a pandemia de Covid-19 e acho que sim, contribuiu para que as pessoas deixassem de ir, mas no meu caso deixei de ir ao cinema bem antes. Teve uma época em que parei de ver filmes, seja no cinema ou em casa e também não sei o porquê, mas me desinteressei totalmente. Então, na minha vida houve uma dos motivos ser a fase da vida.
Quando eu era criança assistia muito filme na televisão e os alugados para assistir com video-cassete. Quem viveu essa época, tenho certeza que sente saudades das locadoras. O cinema entrou na minha vida na adolescência e juventude. É uma época em que eu ia bastante no cinema mesmo já tendo televisão a cabo, onde havia canais exclusivos de filmes e ainda havia locadoras.
Adorava os cinemas de rua. No Shopping eu não ia tanto. Gostava dos filmes de arte e dos filmes europeus. Eram filmes que não passavam na TV e era interessante ver outras culturas, descobrir um mundo novo, era uma espécie de viagem sem pegar avião. Era um programa para se fazer com amigos, para flertar com uma garota que você estava a fim ou ir com a namorada. Era mágico. Gostava de ir sozinho também.
Não sei qual o momento que deixei de ir ao cinema, mas acho que foi quando a vida em si estava mais interessante. As experiências reais estavam demandando mais atenção e depois as preocupações da vida adulta começavam a tomar espaço tornando a vida mais cinza. Misteriosamente, ao mesmo tempo, as salas de rua começaram a desaparecer e o preço dos ingressos começaram a aumentar. A qualidade dos filmes começou a cair também.
Atualmente com a Smart TV e os streamings estou voltando a assistir filmes, mas no cinema nunca mais fui e não sinto vontade. A magia acabou. Estranha é a sincronia entre fatores internos e externos à minha pessoa que corroboraram para isso. Não sei dizer se o culpado sou eu, se é a morte dos cinemas de rua, se é o preço do ingresso, se é a qualidade dos filmes ou se é tudo isso junto.
Mas como disse, o cinema é a melhor forma de assistir a um filme. Refletindo um pouco mais não foi só com o cinema, mas com a música também e com as exposições de arte. Teatro eu nunca fui de ir muito. A cultura como um todo ficou bem mais difícil de se familiarizar. A qualidade de atendimento e prestação de serviço que já não era tão boa mas tinha um preço acessível decaiu e o preço aumentou.
Acho que o jovem dos dias de hoje se envolve mais com video-game e isso não é uma crítica, é somente a constatação que as coisas mudaram.
