ALIENação

Ela estava na fila, mas não sabia para o que ela servia. Uma mulher, alta, de cabelos loiros não tão cumpridos, com aquele penteado mais armado, mais antigo. Devia ter entre cinquenta e sessenta anos. As rugas na sua face apontavam para isso.
Ela sabia que estava em uma estação de metrô. Também sabia para onde tinha que ir (imagino). Olhou a primeira fila e resolveu entrar. Não era a fila para comprar o bilhete convencional, mas sim, o chamado bilhete único. Um cartão diferenciado, em que se compra um pacote de passagens. Ela falava: "Não tenho prática nisso, como faço? Só quero passar por ali". E apontava para a catraca. Repetia diversas vezes. A atendente não entendeu exatamente o que estava acontecendo. Com paciência explicou a finalidade do cartão. A mulher sacou um bolo de dinheiro e perguntou se o que ela tinha era suficiente para passar pela catraca. A atendente acenou positivamente com a cabeça, pegou o dinheiro e passou o cartão carregado para a mulher da fila que foi em direção à catraca. Sem saber o que fazer com o cartão, ficou tentando entender como funcionava e sem querer conseguiu passar. Seguiu com o fluxo, entrou no vagão e partiu.