quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

Análise sobre o debate entre Edgard Piccoli e Caio Coppolla



Ouço conservadores relacionando Satanismo à ideologia progressista e ouço progressistas difamando o Cristianismo. Respeito os pensamentos, mas acho que é mais complexo que isso. A disseminação de ideias que relacionam coisas faz com que esta seja a realidade, mas não precisa ser necessariamente. Como as próprias religiões mostraram, há diversos pontos de vista sobre nossa existência e costumes. Existe também pessoas como eu que não são conservadoras e nem progressistas, mas que tentam entender os posicionamentos, tendo um olhar crítico tanto em pontos negativos como em positivos.
Faço a reflexão através da análise do programa de rádio Morning Show do dia 25 de Janeiro de 2019. Um programa transmitido pela rádio Jovem Pan, pelo rádio e por seu canal no Youtube. É um programa que aborda assuntos diversos e associo com o formato em áudio de uma revista. Há um condutor do programa que apresenta assuntos e notícias e pessoas ao seu redor para fazer comentários. Neste dia ocorreu uma discussão entre o condutor, Edgard Piccoli, e um dos comentaristas, Caio Coppolla.
Edgard, como mediador do programa, tenta não demonstrar seu viés ideológico, mas é possível perceber sua simpatia pelo pensamento progressista. Já Caio é um conservador declarado. Esse embate ideológico vem crescendo desde as manifestações de junho de 2013 e também com a eleição presidencial de 2018. Por isso, o debate entre os dois gerou bastante repercussão na Internet.
Tentarei não entrar no mérito das ideias que estavam sendo discutidas (deixarei o vídeo aqui para quem quiser conferir). Vou descrever o que senti.
O condutor do programa se sentiu extremamente desconfortável com o que ouviu do comentarista. Por consequência sua reação foi desrespeitosa com ele, interrompendo-o continuamente sem que pudesse concluir seu raciocínio. Observei um embate emocional por parte do condutor e um embate racional por parte do comentarista. E era neste ponto que queria chegar. Penso que o condutor, ao ouvir as críticas ao progressismo, criou uma interpretação própria, talvez de que todas as pessoas progressistas são más e satanistas. Interpretou de forma emocional/pessoal e logo soou como uma ofensa. Mas a crítica do comentarista reside na ideia e não na pessoa. É preciso entender que é sobretudo um embate de ideias e pontos de vista e na verdade, é bom ouvir ideias contrarias às suas. Elas que fazem questionar.
Outra reação foi evocar a ajuda dos comentários dos outros participantes, que estavam de acordo com suas próprias convicções. Uma reação covarde. Citações como: “ele tem muito a falar, ele está à flor da pele”, invertem as sensações reforçando o lado emocional e não o racional. É um diálogo que não prospera porque a dimensão individual não é a mesma da coletiva, que abrange o campo das ideias. Tento ouvir de fora porque não vejo concordância total com o que eu penso. Concordo e discordo em pontos sobre todas as correntes. Por isso não quero expor as ideias mas explorar o comportamento humano sobre elas. O debate caminhou para o lado pessoal, como o argumento de que o comentarista era o participante que mais falava durante os programas. Considerei um desrespeito também ao ouvinte. É isso que as pessoas em sua “surdez” não conseguem perceber. Porém, infelizmente, é o que dá audiência.
Quando uma pessoa entende o controle do ego, consegue perceber o que descrevi. Por mais que Edgard não concordasse, ele deveria escutar e após se colocar, sem julgamento ao Caio, mas ao que ele estava dizendo, ou seja sua ideia. Digo do controle do ego, porque a base de justificação dos argumentos é praticamente a mesma de ambos os lados, tende ao apelo emocional e realmente torna-se apenas uma disputa narrativa.


Link para o vídeo no Youtube: https://www.youtube.com/watch?v=x0Uk713zHjM