quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Espaço Cinestésico

Hoje é um dia muito especial. Além de ser o aniversário da minha mãe, é também nesta data que este Blog completa três anos de vida. Para comemorar, também anuncio o nascimento do Espaço Cinestésico. Como este Blog, é um projeto experimental, onde pretendo a partir dele fazer trabalhos relacionados à Arquitetura e à Arte. Quem quiser me ajudar, seja bem-vindo!

terça-feira, 16 de julho de 2013

domingo, 23 de junho de 2013

Retratos do mundo hoje: Assalto

Falência social. Sempre toco neste tópico. Vou descrever uma história que ouvi outro dia, ela me lembrou tudo o que ando refletindo sobre os relacionamentos sociais nos dias de hoje. Um amigo contou o que lhe sucedera. Carnaval. São Paulo. Ele curtiu o bloco de rua e depois estava indo pegar o metrô na estação Liberdade, quando aconteceu o fato.

Era por volta de meia-noite. Hora em que o metrô já está encerrando seus serviços. Os caixas já estavam fechados. Ele tinha o bilhete com dinheiro, mas por alguma falha no sistema, não funcionou na catraca. Apesar de ter ocorrido o problema, os funcionários da estação também não o deixaram passar (como na maioria dos casos, a responsabilidade das falhas recaem sobre os consumidores), então saiu da estação quando foi abordado por três indivíduos com uma faca e foi assaltado e esfaqueado. Segundo relata, os ladrões já haviam pegado seu dinheiro e pertences, mas mesmo assim queriam matá-lo. Como podem perceber ele sobreviveu.

Pensei em escrever porque esta história me incomodou, mais uma vez mostrou que está difícil viver nesta sociedade. Logicamente, me incomodou também pela proximidade - aconteceu com um amigo e também com o que aconteceu com ele, tão brutal - mas se tivesse lido no jornal me levaria a mesma reflexão; De que tudo poderia ser evitado, em primeiro plano, a falha tecnológica do sistema, a não compreensão do funcionário. Em segundo, policiamento eficaz nas ruas. Acredito que o funcionário deveria ter mais “jogo de cintura” nesses casos e considerar a liberação do usuário. Erramos ao acreditar que a tecnologia pode satisfazer integralmente às nossas necessidades, ela também falha como no caso descrito. As pessoas que utilizam os sistemas devem estar bem preparadas para manipulá-los (ai entra a questão de educação e formação de cidadãos) para poder reverter o problema. Maior atenção ao policiamento nas regiões e horários de eventos. Logicamente não somente em eventos, deveria ser todos os dias, mas principalmente em usos atípicos da região, quando a possibilidade de crimes cresce.

Sobre transporte público

Vidas rolantes. Foto: Tiru


Considero ser o primeiro texto de minha autoria, com o objetivo máximo de publicar em Tiruzine e pensado unicamente para ele. Utilizá-lo como um diário. Algumas conversas que surgem com amigos e outras pessoas que me fazem refletir e considero parte fundamental do meu ser, o que me constrói, me ensina, é um estímulo à vida. Às vezes as conversas viram discussões e com este texto (e outros que podem surgir), a intenção é esclarecer - tenho mais facilidade em expressar opiniões em forma de texto – alguns pontos que tenho a sensação que não foram compreendidos. Este exercício me ajudará a fortalecer ou rever alguns conceitos e estudar mais sobre o que falo. Ter mais fundamento. Você leitor irá pensar: “os textos estão muito superficiais”. É que vão ser assuntos que surgirão do nada em minha cabeça e que serão libertados, expressos, inicialmente sem compromisso. Se futuramente ele surgir de novo na minha cabeça acrescento mais conteúdo. Gostaria até de ouvir outras opiniões, caso haja algum ser que de repente, entre aqui e utilize um tempo lendo. Porque desde o inicio fiquei com uma certa timidez e muita preguiça de divulgar este Blog. Ainda tenho os dois. Mas sei que a mensagem é composta de um emissor e um receptor para que exista. Logo este Blog não existe se não há interação pública. Isto é um convite para participar comigo.

Sempre senti isso, mas hoje é mais evidente. Não sei por quê. Não sei se é uma questão de excesso de gente, de formação, uma questão espacial ou a soma de tudo isso. A interação social está deturpada. Não reflito sobre as relações íntimas entre as pessoas, mas sobre a relação estabelecida no dia a dia, aquela em que você é obrigado a estabelecer, em espaço público que fazem parte de situações sociais. Um exemplo é o transporte público. Onde pode se constatar diversas situações que analisarei a seguir.

O uso da escada rolante é um assunto polêmico. Sou incapaz de entender porque as pessoas não entendem a faixa amarela em que está escrito para liberar a passagem do lado esquerdo. Ainda há o reforço da mulher no alto-falante, caso o argumento fosse analfabetismo. Como sempre há pessoas com pressa e outras que estão mais tranqüilas, o mais produtivo é obedecer ao padrão estabelecido. Ao mesmo tempo, vem a idéia contrária, certa vez presenciei uma cena intrigante. Havia duas senhoras uma ao lado da outra, ou seja, ocupando toda a largura da escada. Elas estavam um lance à minha frente. Atrás e logo em seguida delas, vinha uma garota em passos apressados. Como previsto houve um leve stress no encontro. A menina cutucou a senhora da esquerda e citou de maneira rude para que a deixasse passar e também deixasse a esquerda livre. A senhora fez a contragosto e depois resmungou à outra: “Não entendo, esta escada serve para ficarmos parados. Quer descer andando, porque não pegou aquela?” Disse apontando para a escada comum ao lado. Isso me fez refletir que a senhora não estava totalmente equivocada em seu discurso. O ideal seria este pensado pela senhora, porém não é pertinente na realidade. Pensando pelo lado arquitetônico, as escadas rolantes deveriam ser induzidas em projeto, para serem a segunda opção de circuito no fluxo de pessoas. O grande problema em projeto, é que elas sempre acabam ocupando muito espaço para ficarem fora da circulação mais usual. Considero que neste caso, pelo menos deveriam ser escadas maiores em largura ou mais módulos, sendo que o dimensionado fosse maior do que o considerado atualmente. Induzir o grande fluxo a se exercitar seria um efeito positivo para a saúde do cidadão. O grande fluxo jovem que está com pressa. Para os que não estão com tanta pressa podem subir tranquilamente parados as escadas rolantes ou ainda para aqueles com bagagens ou que necessitam de deslocamento especial, podem utilizar os elevadores (terceira opção no deslocamento). Como é utilizado atualmente surgem conflitos como o apresentado pela senhora. Além de não comportar de maneira devida o fluxo, gerando afunilamento no tráfego de pessoas. Apesar de achar o pensamento da senhora lógico, não considero de acordo com a realidade, portanto na minha concepção, a senhora deveria atender ao pedido de se manter a esquerda.

A situação relatada que gerou esta reflexão é apenas uma em uma infinidade de outras. Por exemplo, outra situação conflitante acontece quando pessoas estão lendo, ou mexendo em seus aparelhos móveis durante a circulação cheia. Não compreendo tamanho egoísmo. Essas pessoas podiam pelo menos se manter a direita. Por não prestarem atenção ao que acontece ao redor elas costumam atrapalhar o fluxo sem perceber que o fazem.

Outra situação incompreensível é gerada quando alguns cidadãos resolvem entrar no vagão e parar na porta, mesmo quando não vão descer na próxima estação. Ainda refletindo sobre a entrada e saída em vagões não entendo porque esse tipo de pessoa, quando está tanto cheio para sair como para entrar, resolve empurrar mesmo quando você espera as pessoas saírem. Porque até acredito que há pessoas que não estão nem ai mesmo, mas também vejo que a grande parte é uma questão de formação. Porque é difícil que o respeito mútuo prevaleça em relação à pressa ou a garantia individual de embarcar neste vagão? Não dá para entender. Estas me chamam muito a atenção, mas há muitas outras que divagarei em outro momento. Enquanto nossa consciência coletiva for precária, não adiantará reclamar.

quinta-feira, 2 de maio de 2013

PEDIDO DE UMA CRIANÇA AOS SEUS PAIS *

Não tenham medo de serem firmes comigo. Prefiro assim. Isto faz com que eu me sinta mais seguro.

Não me estraguem. Sei que não devo ter tudo o que quero. Só estou experimentando vocês.

Não deixem que eu adquira maus hábitos. Dependo de vocês para saber o que é certo e o que é errado.

Não me corrijam com raiva e nem na presença de estranhos. Aprenderei muito mais se me falarem com calma e em particular.

Não me protejam das conseqüências dos meus erros. Às vezes eu prefiro aprender pelo caminho mais áspero.

Não levem muito a serio as minhas pequenas dores. Necessito delas para obter atenção que desejo.

Não sejam irritantes ao me corrigir. Se assim fizeres eu poderei fazer o contrário do que me pedem.

Não me façam promessas que não poderão cumprir depois. Lembre-se de que isto me deixará profundamente desapontado.

Não ponham a prova minha honestidade. Sou facilmente tentado a dizer mentiras.

Não me mostrem um Deus carrancudo e vingativo. Isto me afastará dele.

Não desconversem quando faço perguntas, senão procurarei na rua as respostas que não tive em casa.

Não se mostrem para mim como pessoas perfeitas e infalíveis. Ficarei extremamente chocado quando descobrir algum erro seu.

Não digam que meus temores são bobos, mas sim ajudem-me a compreendê-los.

Não digam que não conseguem me controlar. Eu julgarei que sou mais forte que vocês.

Não me tratem como uma pessoa sem personalidade. Lembre-se de que eu tenho o meu próprio modo de ser.

Não vivam me apontando os defeitos das pessoas que me cercam. Isto criará em mim desde cedo um espírito intolerante.

Não se esqueçam de que eu gosto de experimentar coisas por mim mesmo. Não desistam de me ensinar o bem, mesmo que eu pareça não estar aprendendo. No futuro vocês verão em mim o fruto daquilo que plantaram.

*Texto extraído de uma carta do curso Kumon, em Novembro de1992.

domingo, 28 de abril de 2013

Transformação

Pobre lagarta, por que rastejas,
Em buscas vãs, tão rente ao chão?
Não sabes, então quem és?

És borboleta. cheia de cores!
Foste criada para colher.
das belas flores o rico pólen
E ao espalhá-lo por onde passas
Toda beleza multiplicar.

Tem fé, lagarta, no que parece,
Ser impossível acontecer.
Hoje rastejas, mas, de repente,
sem que percebas, como ou porque
Por um desejo, forte e inconsciente
Em teu casulo te isolarás.

Então ai, a sós contigo
Nem vais ao menos te importar.
O que era tão belo e caro
O que julgavas tão necessário.

Da forma tosca serás liberta
E o mistério acontecerá!

Será cumprido então o propósito
A que vieste desde o início
Na borboleta que um dia foste
Saberás como te transformar.

(Autor desconhecido)

Rua: espaço de diversidade e criação

MIRIAM CHNAIDERMAN* 

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É assustador que um governo que vem da esperança na fratria transforme a rua em um sonho da burguesia

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Durante dois anos, eu e minha equipe de realização de meu primeiro documentário, "Dizem que Sou Louco", de 1994, vagamos pelas ruas de São Paulo querendo saber quem seria aquele que a cidade nomeia como sendo o "louco de rua". Éramos um grupo de psicanalistas buscando a livre associação em nossas caminhadas. Não sabíamos nem sequer se poderíamos estabelecer qualquer diferença entre o chamado "louco de rua" e o mendigo, o morador de rua, aquele que perdeu os documentos, desempregado. Ou entre ele e o "bebum", que perambula depois de viver alguma louca paixão fracassada. Com nossa experiência, fomos vendo que há diferenças importantes -aquele que é visto como sendo "louco" anda solitário, não pede esmolas, produz suas vestimentas ou seu espaço próprio. E é discriminado pelos outros moradores de rua. Aprendemos que, na rua, há códigos de ética extremamente rígidos: os moradores constituem uma estrutura comunitária de fratria e solidariedade, algo tão raro no mundo atual. Há vários depoimentos de egressos da rua que nos falam da falta desse companheirismo solidário. Pudemos ir vendo como os chamados "psicóticos cronificados", que antes lotavam os tristes pátios dos hospitais psiquiátricos -que também contribuíam para a cronificação-, encontravam modos de se tratar a partir da rua: em entrevista que dei em uma das exibições do filme na TV, disse que "o barulho externo alivia do barulho interno". A rua tem quase a função de um neuroléptico, nome da medicação psiquiátrica usada para pessoas que estão delirando ou alucinando.
A partir dessa experiência, venho defendendo a rua como espaço de trabalho e propondo a criação de equipes de trabalho itinerantes que possam ajudar a população de rua a viver de modo mais digno. Armei, dentro de mim, o sonho de transformar o Minhocão em um grande espaço de trabalho, com oficinas de pintura, de costura, de jardinagem, de cozinhas públicas. Temos vários relatos de ex-cozinheiros, ex-agricultores, ex-professores e ex-jornalistas que se encontram na rua. Será que não poderiam utilizar sua experiência anterior no trabalho na rua? Várias são as tentativas de conseguir subempregos ou de internar em "hospital-dia", busca-se sempre alguma forma de institucionalizar essas figuras. No desrespeito ao nomadismo, essas tentativas fracassam. Parece que a rua é mais tentadora apesar de todos os riscos.
Fui apreendendo que somos nós que temos de mudar nossa concepção do que é a rua -no nosso mundo, a rua foi deixando de ser espaço público, espaço de encontro com o outro. Tememos o assalto, a violência, os sequestros. É um dado de nosso cotidiano, de uma sociedade movida pelo nosso empobrecimento, que se fez gritante nos últimos anos. Mas não me parece que a solução seja a eliminação do espaço público como espaço da diferença.
A burguesia carioca reclamou quando o metrô pôde levar a zona norte às areias de Copacabana. É claro -do alto de seus apartamentos luxuosos de frente para a avenida Atlântica, não gosta de saber que a miséria habita ali do lado. Nós, psicanalistas, chamamos isso de "recusa da realidade".
Agora, em São Paulo, a burguesia pode ficar exultante -vai poder esquecer a miséria e a diferença: estão colocando grades e pedregulhos em lugares onde moradores de rua costumam ficar. Como argumento, fala-se em mau cheiro e em ameaças de assalto na volta para casa. E a prefeitura defende-se ao afirmar que está encaminhando os "mendigos" para albergues. Mais um paliativo que só faz tornar a paisagem urbana mais palatável para aqueles que, supostamente, sabem o que é o "viver bem". Como se, no mundo em que vivemos, tivéssemos de homogeneizar formas de vida. Algo que já foi muito bem realizado em regimes totalitários tão recentes em nossa memória. É assustador que um governo que vem da esperança na fratria transforme a rua em um sonho da burguesia onde as diferenças são sumariamente eliminadas.

*Miriam Chnaiderman é psicanalista, ensaísta e documentarista.

Fonte:

quinta-feira, 11 de abril de 2013

palavras

Asseverar

verbo

1 ( t.d.bit. ) [prep.: a] declarar (algo) com segurança; assegurar; afirmar

‹ os biólogos asseveram ser preciso preservar a natureza › ‹ assevero-lhe que aceito a proposta ›

2 ( t.d. ) dar como certo; afirmar, certificar; provar

‹ ninguém pode a. que ela errou ›
Gramática

a respeito da conj. deste verbo, ver -erar

Etimologia

lat. assevēro,as,āvi,ātum,āre 'falar com gravidade, afirmar com certeza, sustentar'; ver sever-; f.hist.1783 asseverâr, 1813 asseverár

terça-feira, 2 de abril de 2013

Sintetizadores de Pensamentos


”SINTETIZADORES DE PENSAMENTOS”
OS JAMAICANOS KING TUBBY E LEE "SCRATCH" PERRY INICIARAM NOS ANOS 60 UMA REVOLUÇÃO CONCEITUAL E TECNOLÓGICA QUE MUDOU O PANORAMA DA MÚSICA OCIDENTAL E ABRIU NOVAS POSSIBILIDADES PARA A CULTURA DO TERCEIRO MUNDO 
FILOSOFIA DO DUB 
por Hermano Vianna 
A bibliografia dos mais militantes textos antiimperialistas é uma aula de imperialismo. Os autores básicos são sempre os mesmos: Karl Marx, Theodor Adorno, Eric Hobsbawm, Stuart Hall e por aí afora, ou melhor, cada vez mais para dentro de um certo "cânone" ocidental, aquele que inventou a crítica do Ocidente. Quando aparece um nome "fora-do-eixo", é fácil perceber as razões que motivaram sua escolha: ou leciona numa poderosa universidade européia/norte-americana ou teve algum dos seus livros publicado por essas universidades. Mesmo a recente onda dos estudos "pós-coloniais", com tantos nomes aparentemente indianos ou africanos fazendo sucesso, foi produzida no âmbito das editoras, revistas acadêmicas e seminários dessas universidades. 
O resto do mundo, como nos chama a revista "Colors" (da Benetton), segue com submissão efusiva (Sartre voltou à moda!) o "hit parade" intelectual que povoa as páginas do "New York Review of Books", do "Times Literary Supplement" ou dos "Actes de la Recherche". 
Poucas vezes, a não ser em estudos muito especializados -e só lidos obviamente por especialistas-, temos notícias sobre a produção editorial (aqui incluo também a literatura) de países como a Indonésia, o Japão, a África do Sul ou a vizinha Colômbia. Geralmente esperamos que gente como Nestor Garcia Canclini, Kenzaburo O e ou Mia Couto faça sucesso em Londres, em Paris, na reunião da Modern Language Association ou ganhe um Prêmio Nobel para que possamos publicá-los, lê-los ou mesmo ouvir seus nomes no Brasil. 
O Primeiro Mundo filtra as informações provenientes do "resto do mundo" que devem chegar até nós, mesmo ao ambiente antipop de nossa vida acadêmica. São raros os intelectuais brasileiros que mantêm canais de comunicação frequentes com a produção universitária de países "periféricos", sem a mediação de Harvard/Yale/Princeton ou de seus representantes. 
Pena: não temos nem idéia do que estamos perdendo (imagine o que perderíamos se tudo o que pudéssemos ler sobre o Brasil fosse o que foi publicado em inglês ou francês). Estamos deixando de estabelecer contato com muitas novas idéias que poderiam ser importantes, justamente por estarem baseadas em perspectivas saudavelmente distanciadas dos padrões do Toefl ou CNRS (gostei de juntar os dois níveis bem diferentes!) [1], para dar novos rumos a debates que se tornaram insuportáveis com a reciclagem de duas ou três velhas teorias eurobeligerantes. Por outro lado, deixamos também de ser lidos por gente que pode nos fazer críticas não-viciadas pelas últimas obsessões do filósofo francês ou sociólogo alemão em voga. 
Por exemplo: qual foi o último livro de um autor jamaicano publicado no Brasil? Houve um primeiro? Acho que não. E quem decidiu, por todos nós, leitores brasileiros, que tudo que é escrito na Jamaica ou por jamaicanos não nos interessa? 
Tive o prazer de ter "O Mistério do Samba" [ed.Jorge Zahar] publicado na Jamaica -e também em Barbados e Trinidad e Tobago- pela University of West Indies Press. A editora jamaicana me convidou (junto com a embaixada brasileira em Kingston) para promover o lançamento com palestras e noites de autógrafos. Aceitei o convite sem pestanejar. Afinal, totalmente ignorante com relação à produção universitária caribenha (descontando alguns livros cubanos comprados nos anos 70), foi com surpresa radical e enorme alegria que recebi a notícia do interesse jamaicano em publicar o meu livro. Tenho uma razão muito pop para ter ficado tão alegre. Jamaica, para mim, sempre foi país amado e respeitado por, antes de ser a terra do reggae ou de Bob Marley, ser a terra do DUB. Muita gente pode não ter noção do que estou falando. O DUB foi a maneira que os produtores musicais e os engenheiros de som jamaicanos inventaram, desde meados dos anos 60, para fazer música e pensar a música. As canções deixaram de ser encaradas de maneira linear. Os sons passaram a ser montados não-linearmente, antecipando a maneira de editar textos/barulhos/imagens (o cortar-e-colar ou "cut-and-paste") que se tornou dominante a partir da personalização dos computadores. 
Tubby e Wittgenstein 
As técnicas do DUB, desenvolvidas por gênios -para mim tão geniais quanto Ludwig Wittgenstein ou Roman Jackobson, mas não quero impor meus critérios de julgamento para ninguém- como King Tubby ou Lee "Scratch" Perry, estão hoje na base da totalidade da produção musical de todo o mundo. Sem dub não haveria hip hop, tecno, drum'n'bass ou mesmo o mais recente sucesso de Britney Spears ou Zeca Pagodinho. No encarte do primeiro disco -lançado em 1999- da gravadora de Bally Sagoo, um dos principais produtores/compositores do pop indiano (tendo iniciado a onda de remixes das trilhas sonoras de Hollywood), o DUB está definido da seguinte maneira: "Estilo de música com a combinação da contínua pancada da bateria com linhas pesadas de baixo, acompanhadas por uma colagem de efeitos sonoros de eco maluco em que os vocais estão esparsa, mas inventivamente, ecoando ao fundo...". Uma definição certamente engraçada, mas enganosa. O DUB não é um estilo musical: é mais um procedimento filosófico. O DUB não é uma forma, mas sim um "modo de agenciamento de formas". Roubo essas palavras de Jean Laude, um dos principais pensadores da relação entre o modernismo e a África. Segundo Laude, o que interessava a Picasso na "arte negra" não era o exotismo ou o primitivismo, mas sim a maneira mais-que-moderna que as máscaras e as estatuetas africanas propunham para se pensar o mundo visual, onde a combinação, as redes de sentido e a "montagem" têm mais importância que a organização via linearidade da lei da perspectiva. O que os jamaicanos nos ensinaram com o DUB era semelhante: uma outra maneira de se relacionar com os sons, como se fossem elementos arquitetônicos que podem ser combinados de muitas formas diferentes, não privilegiando nenhuma dessas formas como a original. E fizeram tudo isso por meio de uma revolução tecnológica tremenda e praticamente sem recursos tecnológicos. 
Brian Eno 
O primeiro grupo de rock a aprender e utilizar o conteúdo mais importante da lição jamaicana foi o Roxy Music. Brian Eno, tecladista desse grupo, já usava sintetizador e era fã de La Monte Young e John Cage -por isso conseguiu entender imediatamente a importância do dub. Os produtores musicais jamaicanos não tinham sintetizadores nem, acredito, informações sobre as pesquisas de ponta na música contemporânea. Mesmo assim podiam e podem ser descritos como filósofos. Na definição de Deleuze e Guattari, um filósofo é um "sintetizador de pensamentos", um artesão de conceitos.
Os estúdios de gravação de Kingston eram precários (e continuam não tendo condições de competir com os estúdios do Primeiro Mundo). Lição: não precisamos ter os últimos "upgrades" ou as máquinas mais poderosas para ter as idéias -ou inventar os procedimentos- que vão determinar os futuros desenvolvimentos das máquinas que -por sermos pobres- não podemos ter ou construir. 
Os jamaicanos ainda se maravilham com o sucesso mundial do reggae, como se até não fossem totalmente dignos de sua invenção. 
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Tanto o DUB quanto o reggae são produtos de uma corrente de energia alternativa que sempre resistiu a ser submissa intelectualmente, com a desculpa de ser pobre, em relação ao resto do mundo. 
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Como um país tão pequeno, tão pobre, tão periférico foi capaz de tal façanha? Ainda bem que tamanho e riqueza não são documentos. Tanto o DUB quanto o reggae são produtos de uma corrente de energia alternativa que sempre resistiu a ser submissa intelectualmente, com a desculpa de ser pobre, em relação ao resto do mundo. A Jamaica poderia pensar/executar o que o resto do mundo nunca pensou/executou, o que o resto do mundo seria obrigado a copiar. E foi o que fez. Nenhum outro país do Terceiro Mundo tem presença tão marcante e influente no cenário da nova cultura popular globalizada. Porém, repito, mais que uma revolução musical ou tecnológica, o DUB significava uma revolução conceitual, tão importante para a música pop como foram o aparecimento da música concreta para o campo "erudito" ou o choque da edição "acossada" de Godard, ou -antes dele- de Vertov, para o campo cinematográfico. Uma invenção como o dub não surge totalmente do nada, sem conexão com outros focos vizinhos de "novo pensamento". A "energia" (a "vibration", como dizem os cantores de reggae) que alimentou a criação do DUB deveria estar presente em outros ambientes da vida intelectual jamaicana. E estava. E está. 

Skank, Paralamas, Gilberto Gil 
Onde está? Não sabia, apenas intuía. Não sabia nada sobre a Jamaica, além da música. O Brasil também não sabe. Apesar da importância cada vez maior que o reggae tem entre nós. Exemplos? Ligue o rádio. Ouça Skank, Natiruts, Paralamas, Cidade Negra, Gilberto Gil. Vá a São Luís, no Maranhão, dançar juntinhos em qualquer festa de radiola. Pense na maneira como os blocos afros de Salvador transformaram o reggae em samba-reggae, base de toda a axé music. Que outro estilo musical internacional tem tanta penetração no nosso gosto popular? Mas, nesse gosto popular, a Jamaica é imaginada apenas como um território mítico, uma ilha tropical, terra de Bob Marley, das tranças rastas e da maconha. Mito é bom. Mas cair na realidade, de vez em quando, pode ser melhor. Foi o que fiz, indo parar logo numa universidade jamaicana, que nenhum turista visita (aliás turista que vai para a Jamaica só fica em resorts praianos totalmente separados da realidade do povo da ilha), mas é lugar extremamente revelador sobre o que acontece de realmente importante no país. 
A primeira revelação -bastante óbvia e que não deveria causar nenhum estranhamento- que um brasileiro tem ao entrar numa universidade jamaicana é ver que ali só há negros, do reitor ao servente, passando por praticamente todos os alunos. Imediatamente ficamos tomados pela vergonha de ter tão poucos negros nos nossos cursos superiores. Passei horas sem ver um único outro "branco" nas imediações. Fiquei alegre por ser tão minoria. 
Minha primeira atividade no campus não poderia ser mais adequada para uma imersão profunda -com jeito de tratamento de choque- na sociedade local. Era uma palestra do Tony Rebel, estrela politizada do ragga, o estilo mais popular do reggae atualmente. Sem muita preparação, caí dentro de um debate em que todos os ânimos estavam exaltados. Era para mim impossível acompanhar o que estava acontecendo, pois ninguém no recinto falava, literalmente, o mesmo dialeto. Havia um professor com sotaque de Oxford. 
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Voltei da Jamaica com uma idéia fixa: a da necessidade de haver no Brasil 
seminários pop-acadêmicos em que nos fossem apresentadas a cada vez as 
complexidades surpreendentes de pensamentos produzidos em partes diferentes 
do mundo, partes tão distantes do "centro do mundo" quanto o nosso país. 

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Tony Rebel falava o inglês esperto das ruas de Kingston. Um estudante vociferava em crioulo, e, outro, na linguagem especial dos rastafáris. Ninguém trocava de "estilo linguístico" ao falar com os outros. Mas todo mundo se entendia perfeitamente. Todo mundo ali era barulhentamente poliglota, menos eu. 
A palestra tinha sido organizada pelo Reggae Studies Unit, um centro de estudos da cultura popular jamaicana, responsável entre outras coisas pela Bob Marley Lecture, importante palestra anual que já contou com a participação de Omar Davis, na época ministro da Fazenda, dissertando sobre a contribuição de Peter Tosh para a identidade nacional. Fundadora da Reggae Studies Unit, Carolyn Cooper atuou como uma espécie de cicerone no meu tour pela academia jamaicana. 
Não poderia haver guia melhor. Carolyn é autora de um livro brilhante, chamado "Noises in the Blood" (o subtítulo é "Oralidade, Gênero e o Corpo "Vulgar" na Cultura Popular Jamaicana"), que deverá ser lançado no Brasil. 
Há vários capítulos que são de leitura obrigatória para quem debate o pop contemporâneo de qualquer lugar do mundo: um que faz a análise literária das letras de Bob Marley; outro que leva o "dancehall" (outros intelectuais jamaicanos desprezam essa nova forma de reggae, do mesmo modo como o funk carioca é desprezado entre brasileiros) a sério e ainda outro que disseca o filme "Harder They Come". 
Todos esses assuntos convivem dentro de uma trama conceitual caribenha ou negro-atlântica, em que aparecem lado a lado pensamentos de Edouard Glissant, Derek Walcott, Zora Neale Hurston, George Lamming, Paul Gilroy, Mutabaruka, Shabba Ranks e da magnífica Louise Bennett, pioneira no uso do crioulo jamaicano como língua literária, autora -nos anos 50- do poema "Colonização em Reverso", que profetizava ironicamente a importância que os imigrantes jamaicanos iriam ter na cultura da Inglaterra de hoje. 
Entre exemplos tipicamente locais, nos quais quase sempre nos reconhecemos, descobrimos também atalhos para novas maneiras de perceber nossas velhas obsessões nacionais, como a questão da mistura de culturas e raças. Voltei da Jamaica com uma idéia fixa: a da necessidade de haver no Brasil seminários pop-acadêmicos, pelo menos anuais, em que nos fossem apresentadas a cada vez as complexidades surpreendentes de pensamentos produzidos em partes diferentes do mundo, partes tão distantes do "centro do mundo" quanto o nosso país. Espaços de reflexão onde nós pudéssemos conviver com as idéias de gente como Carolyn Cooper ou Epeli Hau'ofa (de Tonga) ou Renato Constantino (das Filipinas -isso só para ficar em ilhas) ou mais gente que infelizmente não conheço, gente que nos faça pensar coisas diferentes, diferentemente, bem longe do lugar-comum do nosso velho conhecido euro-norte-americano. Fica aqui meu apelo: por canais diretos de comunicação intelectual com o mundo! Com o mundo inteiro! 
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Nota da Redação 1. O Toefl é um exame que testa o nível de inglês, exigido de estrangeiros que queiram ingressar em universidades norte-americanas. O CNRS (Centro Nacional de Pesquisa Científica), sediado em Paris, é um dos principais centros de fomento à pesquisa na França. 
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Hermano Vianna é antropólogo, autor de "O Mundo Funk Carioca" e "O Mistério 
do Samba" (ed. Jorge Zahar). 
+ saiba mais 

Techno

Música dançante eletrônica que utiliza batidas rápidas, produzida exclusivamente com material sintetizado. O tecno se iniciou em Detroit (EUA), nos anos 80, quando os produtores musicais Derrick May, Kevin Saunderson e Juan Atkins fundiram o pop eletrônico da banda alemã Kraftwerk com o electrofunk do Afrika Bambaataa e do músico norte-americano George Clinton. 

Drum'n'bass

Proveniente do "jungle" -estilo com batidas sincopadas, surgido em Londres em 1992-, o drum'n'bass possui elementos jazzísticos e instrumentais. As batidas rápidas foram desaceleradas e passaram a ser misturadas a efeitos de DUB e a linhas de baixo sintetizadas, com o uso constante de samplers 
(colagem de trechos de uma ou de várias músicas). 

Hip hop

Movimento cultural surgido em Nova York que ganhou popularidade nas décadas de 80 e 90. A expressão engloba algumas manifestações da cultura negra, como dança, grafite, técnica de discotecagem e rap. O início do movimento pode ser atribuído a Kool Herc, Grandmaster Flash, que começaram a explorar o uso de novas batidas dançantes na década de 70. 

Rap 

Estilo criado nos guetos de Nova York na metade dos anos 70 e popularizado na década seguinte. Nele, os vocais são declamados sobre uma batida simples, pré-gravada. Geralmente, os temas das músicas abordam as desigualdades sociais, a violência e a vida de minorias étnicas. O nome vem de "rhythm and 
poetry", o jeito de cantar falando. 

o dub ontem e hoje 

O dub nasceu nas pistas de dança da Jamaica, no final dos anos 60, quando DJs começaram a remover as letras e melodias de sucessos do reggae, colocando em evidência sua parte rítmica (baixo e bateria) e recheando os espaços com ecos e efeitos. Na pista, as pessoas cantavam suas próprias letras por cima desse esqueleto musical. Na década de 70, o dub ganhou uma forma mais elaborada: com recursos de estúdio, as bases melódicas começaram a ser totalmente refeitas por meio de remixagens, eco e outros efeitos sonoros. Entre seus fundadores, estão os jamaicanos King Tubby (1941-89) e Lee "Scratch" Perry (1936). A partir dos anos 80, o dub passou a contar com nomes como Mad Professor. A penúltima edição da "LA Weekly" traz um amplo dossiê sobre a história e o estado do dub hoje, destacando o perfil de um de seus principais criadores, Hopeton Brown (conhecido como "Scientist"), e sua influência sobre o rock, como nas bandas The Clash e Beastie Boys. A revista aponta como principais álbuns do gênero "Dangerous Dub", de King Tubby, "Upsetter in Dub", de Lee Perry, "Living Dub, Volume One", de Burning Spear, "Uhuru in Dub", de Prince Jammy, e "King Tubby Meets Rockers Uptown", de 
Augustus Pablo. Conheça a seguir alguns dos novos expoentes desse estilo em todo o mundo, segundo a "Weekly": 

Twilight Circus Dub Sound System - Ryan Moore, ex-baterista da banda Legendary Pink Dots, faz a música mais pesada, bem produzida e criativa do dub atual. 
Rhythm and Sound - os álbuns "With the Artists" e "Versions" (2003) estão entre os melhores no gênero, com músicas de apenas dois acordes e efeitos sonoros. 
Christafari - o músico Mark Mohr, de Los Angeles, faz o que chama de "gospel reggae". 
Alpha & Omega - dupla londrina que faz um DUB com referências hippies e elementos orientais. 
Dub Syndicate - liderado pelo produtor Adrian Sherwood, que já trabalhou com U-Roy, Lee Perry e Aswad. 
DJ Spooky - DJ experimental, nascido em Washington, com influências do reggae, drum'n'bass e soul. 
Slightly Stoopid - reggae-pop e punk para adolescentes, com efeitos de dub repetitivos e hipnotizantes. Dub Gabriel - de Nova York, faz uma música com tendências para a worldmusic e o drum'n'bass. 
Kazufumi Kodama - Tranquilo, hipnótico, conduzido por melodias jazzísticas, mas com um fundo inconfundível de reggae. "Stars" (2003) é seu quarto álbum. 
Burnt Friedman - DJ alemão que explora o experimentalismo musical no dub, hip-hop e jazz. 
Pole - projeto do DJ alemão Stefan Betke, que trabalha com um alto nível de simplificação rítmica. 
Coletâneas - "Babylon Is Ours - The USA in Dub" (Select Cuts) e "J.Boogie's Dubtronic Science" (Om) 


domingo, 10 de março de 2013

Poesia 04 - Ricardo Guimarães

*

Amigos sabem voar

amigos são o ar debaixo de nossas asas, o que nos sustenta de verdade,
sem amigos, não existe chão e ficamos sujeitos a gravidade, 
caímos como se fossemos atingir o fundo do abismo mais profundo e escuro,
mas não é um abismo, é um buraco negro sem fim, cuja gravidade é insuperável,
onde o coração mais resplandecente torna-se obscuro e entrega-se ao descuro
e a vida resume-se num eterno cair insuportável.

no entanto, basta uma brisa leve, ou um sorriso de um amigo, mesmo que breve,
para que lembremos de nossas asas, e nossa capacidade de voar se revele,
pois com amigos, somos capazes de voar alto e até singrar o espaço,transpondo qualquer barreira como se fossemos feitos de aço. 

e numa velocidade estonteante, seguimos atrás da estrela mais brilhante,
capaz de aquecer e iluminar a existência do mais escuro e gélido coração.
e num instante, percebemos que a felicidade está logo ali adiante,
no abraço de chegada de um amigo, ou até em seu olhar de despedida, já distante.

e mesmo na partida de um amigo, ficamos tranquilos, pois um irmão,
é aquela pessoa que molda nosso ser e impregna nossa alma com tal emoção,
que independente da separação, sempre estará conosco em qualquer situação,
pois amigo, a gente guarda no lado esquerdo do peito, como já dizia a canção.

Ricardo Porto Ferreira Guimarães



*Eu fiz essa composição gráfica em resposta ao poema que Ricardo fez em homenagem à nossa amizade. "Enquadrei" o poema em mandalas que ele fez e que eu pintei outro dia. Resolvi presenteá-lo com seu próprio presente digamos assim, em uma composição em conjunto.

quarta-feira, 6 de março de 2013

Retratos do mundo hoje: Chorão RIP

Tiruzine vem se manifestar em lamento da noticia lida hoje (http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/1241892-carismatico-e-explosivo-chorao-amealhou-fas-e-se-envolveu-em-polemicas.shtml) referente ao falecimento de Alexandre Magno Abrão, o Chorão, vocalista da banda Charlie Brown Jr. Ele tinha 42 anos. Não se sabe a causa da morte e a policia investiga o caso. Segundo declaração de prima, ele passava por dificuldades em sua vida pessoal.
 A reflexão que faço é sobre novamente a fadiga social que estamos vivendo. Isso que irei escrever é uma suposição somente. Não sei o que causou a morte, mas pela informação dos portais de noticia (que já não têm tanta credibilidade e apelam ao sensacionalismo) e pela declaração da prima, ele estava com dificuldades por estar passando por uma separação da mulher. As noticias também nos levam a crer que ele estava sozinho, seu apartamento estava todo revirado e há indícios de consumo de cocaína não confirmados pela perícia. A sensação que me traz através desta descrição é de que ele devia estar se sentindo muito sozinho. O que me leva a analise deste caso, é que Chorão foi bem sucedido em sua carreira profissional e tinha muitos fãs, foram outras questões que compõem o ser humano que contribuíram para sua morte. Como é triste o desamor...

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Retratos do mundo hoje



Fiquei interessado em escrever sobre duas noticias que assisti na televisão hoje. Elas demonstram os sinais de fadiga de nossa sociedade.
A primeira (http://noticias.terra.com.br/brasil/policia/homem-confessa-morte-de-jovem-por-r-7-e-alega-legitima-defesa,bea02ab98b00c310VgnVCM4000009bcceb0aRCRD.html não consegui achar a noticia de hoje) era de um dono de um restaurante, seu filho e um ajudante que foram condenados por homicídio qualificado. Segundo a noticia, o julgamento se sucedeu pelo seguinte fato, um garoto e seus amigos viram a placa na entrada com o valor do prato e resolveram entrar para comer. Serviram-se e comeram, mas na hora de pagar o dono falou que estavam faltando R$ 7,00 (sete reais). Segundo a noticia, o valor havia sido reajustado enquanto estavam comendo. O garoto resolveu não pagar e o dono pegou uma faca e esfaqueou o garoto que morreu em seguida. A outra noticia (http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/1225024-dois-jovens-sao-agredidos-em-casa-noturna-no-jardins-em-sp.shtml) foi a de um garoto de 18 anos que foi espancado por seguranças de uma boate. Ele e mais dois amigos passavam na rua e mexeram com uma garota que estava na frente da boate. Ela foi para dentro e chamou seu namorado, que trabalhava no local. O namorado foi com os seguranças da casa e correram atrás dos garotos. Um deles caiu e foi espancado mesmo no chão, com ripas de madeira e bastões.
A estranha coincidência é que à toa peguei um livro sobre psicologia para administradores onde li uma passagem explicando que violência e irritação são demonstrações de quando estamos frustrados e angustiados. Sem entrar no julgamento, o que impressiona nas duas histórias, é que tudo é um reflexo de como condicionamos nossa vida coletiva e como facilmente conseguimos desrespeitar uns aos outros, ou seja estamos no fundo frustrados.